"Enfadado, enfadonho, lutando pelo seu sonho, eternamente gira em busca procurando tar"



O teatro do absurdo

sábado, 2 de abril de 2011


O Teatro do absurdo nasceu do Surrealismo, sob forte influência do drama existencial. O Surrealismo, que explora os sentimentos humanos, tecendo críticas à sociedade e difundindo uma idéia subjetiva a respeito do obscuro e daquilo que não se vê e não se sente, foi fundamental para o nascimento desse gênero que buscava, na segunda metade do século XX, representar no palco a crise social que a humanidade vivia, apontando os paradigmas e os valores morais da sociedade como fatores principais da crise. A principal fonte de inspiração dos dramas absurdos era a burguesia ocidental, que, segundo os teóricos do Absurdo, se distanciava cada vez mais do mundo real, por causa de suas fantasias e ceticismo em relação às conseqüências desastrosas que causava ao resto da sociedade.

Como o próprio nome diz, o Teatro do Absurdo propõe revelar o inusitado, mostrando as mazelas humanas e tudo que é considerado normal pela sociedade hipócrita. Essa vertente desvela o real como se fosse irreal, com forte ironia, intensificando bem as neuroses e loucuras de personagens que, genericamente, divulgam o homem como um psicótico, um sofredor, um ser que chega às últimas conseqüências, culminando sempre na revolução, no atrito, na crise e na desgraça total. Extremamente existencialista, o Absurdo critica a falta de criatividade do homem, que condiciona toda a sua vida àquilo que julga ser o mais fácil e menos perigoso, se negando a ousar, utilizando-se de desculpas para justificar uma vida medíocre.

O Teatro do Absurdo foca principalmente o comportamento humano, deflagrando a relação das pessoas e seus atos concomitantes. O objetivo maior desse gênero é promover a reflexão no público, de forma que a maioria dos roteiros absurdos procuram expor o paradoxo, a incoerência, a ignorância de seus personagens em um contexto bastante expressivo, trágico, aprofundado pela discussão psicológica de cada personagem apresentado, com uma nova linguagem. Para Ionesco, Membro da Academia Francesa, autor de um dos primeiros espetáculos absurdos, como “A Cantora Careca” (1950), “renovar a linguagem, é renovar a concepção, a visão do mundo”. Essa linguagem é traduzida não só nas palavras de cada um dos personagens, e sim em todo o contexto inovador, pois cada elemento no Teatro do Absurdo influencia a mensagem, inclusive os objetos cênicos, a iluminação densa e utópica, além dos figurinos. Todos esses elementos materiais do espetáculo contribuem para o enriquecimento da mensagem que deve ser clara para não haver dúvidas por parte do público. A ironia constitui-se numa figura de linguagem extremamente difícil de ser praticada no palco, pois, exagerada ou mal formulada, pode ganhar um sentido contrário àquele intencionado pelo diretor. Um outro fator importante é que, no Teatro do Absurdo, muitas vezes o cenário, o figurino e a nuanças nas interpretações se tornam ainda mais importantes do que o próprio texto. O texto em si promove uma nova leitura, cuja concepção tornará possível a construção cênica dentro de um viés preferido pelo diretor.

Um dos autores de vanguarda do Teatro do Absurdo é Samuel Beckett autor do clássico “Esperando Godot”, que conta a história de dois personagens que esperam ansiosos por ajuda numa terra onde nada acontece de inovador, onde tudo se repete sem cessar, obrigando os angustiados personagens a tentar iludir a tristeza e frustração. Esse texto traduz perfeitamente a essência do Absurdo, sendo Beckett uma pessoa que, desde jovem manifestava seu dom à rebeldia, sendo um homem contrário a religiosidade, mesmo sendo de família protestante, além de ser um homem adepto à revolução dos costumes. O Absurdo, assim como o Dadaísmo, promoveu a revolução na linguagem e na ideologia da sociedade, obtendo muitas críticas de um público que, apesar de proletário, consumia o idealismo burguês da época. Harold Pinter (1930- ), autor de “Velhos Tempos”, “O Zelador”, “A Coleção” e o autor americano Edward Albee (1928 - ), autor de “Quem Tem Medo de Virginia Woolf”, buscaram a orientação absurda para tecer suas críticas em favor das classes menos favorecidas, constituindo obras anti-literárias, com o mesmo brilhantismo de Ionesco e Beckett (que ganhou o Prêmio Nobel em 1969), com identidades próprias que lhes deram lugar de destaque na história da arte dramática.

A partir das ideologias de Artaud de quebra com os paradigmas clássicos do teatro ocidental, surgiu o “Teatro Pânico”, uma forma de Teatro do Absurdo calcado no drama e em contextos que mostram a revolta do autor perante o mundo. Apesar de possuir algumas idéias artaudianas, o Teatro Pânico mantém elementos básicos do teatro ocidental, como o diálogo de seus personagens. Esse gênero foi essencial para reafirmar o Teatro do Absurdo como vertente teatral, propondo a forma agressiva de expor seus personagens numa crítica mordaz contra a sociedade, onde homens e mulheres vivem suas vidas num limite extremo, sempre numa virtual solidão.

A concepção de Teatro Pânico nasceu em fevereiro de 1962, em Paris, e misturava terror com humor. A filosofia pânica diz que a memória é fundamental para o homem, pois esse não passa de um grande fundo de saberes que, com o passar dos anos, compõe um quadro estético, ético e moral. Na visão de um dos principais diretores do Teatro Pânico, o espanhol Fernando Arrabal, autor de “A Guerra dos Mil Anos”, o Pânico mistura a vida privada com a vida artística, o lirismo e a psicologia, onde o teatro passa a ser encarado como um jogo, ou uma festa. Muitos associaram o Pânico com o Dadaísmo, gênero que contesta a razão em prol do subjetivo. Dessa forma, os espetáculos pânicos propõem, acima de tudo, uma linguagem extremamente transcendental em relação aos temas abordados. Nada disso poderia ser possível sem a estruturação do Teatro do Absurdo que possibilitou no homem uma evolução no que se diz respeito aos seus dogmas

O mundo de Arrabal

quinta-feira, 31 de março de 2011
Fando e lis

O absurdo do mundo do dramaturgo espanhol FERNANDO ARRABAL não nasce do desespero do filósofo em busca de penetrar o segredo da existência, mas da absurdidade dos personagens que vêem a situação humana com os olhos da simplicidade ou imediaticidade infantil que não permite uma maior compreensão da realidade do objeto observado. Também como as crianças, seus personagens são por vezes cruéis, porque não compreenderam ou sequer tentaram compreender a existência de uma lei moral. E assim como as crianças, eles sofrem a crueldade de um mundo como flagelos incompreensíveis.
Geralmente o herói de Arrabal é ambíguo. Tirano e escravo, bom e cruel, inocente e culpado, vitíma e carrasco, vive sempre à margem de um mundo ordenado que ele não compreende. Seu espaço, a terra de ninguém: sua condição, a miséria. A maior ameaça que paira sobre ele vem do mundo exterior, expressa através da repressão brutal e anônima que supreende seus valores anti-sociais sua liberdade, acabando por imobilizá-lo . Nessa situação, a personagem feminina de Arrabal é mais lúcida que o homem, realizando uma mediação entre o herói e o mundo opressor. A mulher aparece sempre sob o tríplice aspecto de mãe-criança-prostituta, plena de instintos e intuição. Escrava e déspota, ela é a fonte de todas as possibilidades de iniciação do homem. E toda dramaticidade de Arrabal vem do jogo das relações entre os personagens e das multiplas combinações que seus caracteres ambíguos lhes permite.

Pés feito rodas

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
O processo de "Fando e lis" continua cada vez mais intenso. A cada encontro novas idéias vão surgindo e mais claro vai ficando a nova montagem.
Em reestréia marcada para Abril desse ano, o grupo vêm se esforçando e se dedicando intensamente para colocar o espetáculo em pé.
Nesse novo processo o grupo decidiu de forma certa e objetiva á se aprofundar na obra de Arrabal para descobrir ali o mote para a montagem: Angústia. Fando e Lis fala de Angústia.
"No tocante à análise do problema da angústia, Arthur Schopenhauer nos apresenta em sua filosofia uma visão extremamente pessimista da vida: para ele, viver é necessariamente sofrer. Por mais que se tente conferir algum sentido à vida, na verdade, ela não possui sentido ou finalidade alguma. A própria vontade é um mal. Nós queremos vencer, desejamos vencer. Mas a vontade gera a angústia e a dor e, os mais tenros momentos de prazer, por mais profícuos que possam vir a ser, são apenas intervalos frente à infelicidade".
Veremos em Fando e lis do grupo DiAtus um espetáculo sufocante como são as obras de teatro do movimento absurdo de ionesco, de beckett e arrabal.

Agora que tudo começa

quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Agora é hora de recomeçar.
Logo depois da estréia do Espetáculo Fando e Lis, o grupo se pôs a ouvir: ouvimos amigos de teatro, amigos leigos, parentes, ouvimos de tudo e de todos, e entao partimos para nossa reflexão:  É hora de colocar Fando e Lis para seguir seu caminho e para isso temos que novamente remodelar essa arte tão dificil que é o teatro e qualquer montagem.

É hora de continuar nossos encontros para discussão, para seminários, pesquisas e estudos. Oficinas serão agregadas para o desenvolvimento do grupo com a montagem.

Entender Arrabal e seu universo, é entender porque a vida presente é tão importante e porque hoje ela nao está sendo levada tão à sério?

É hora de estudar, remexer, renascer!!!

Fotos de estréia

quarta-feira, 13 de outubro de 2010









terça-feira, 7 de setembro de 2010

Semana intensa

sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Trabalho intenso se iniciará na semana que antecede a estréia de Fando e Lis no teatro municipal Manoel Lyra em Santa Barbara D'Oeste.
Do dia 04 á 11 de setembro, teremos um intensivão nos ensaios. Marcando, mexendo, afinando, fechando, dialogando e realizando.
No dia 18 de setembro, estaremos pronto para essa estréia que marcará um grande momento do Grupo Di Atus.
Merda a todos!!!